Práticas e versáteis, elas controlam a entrada de luz sem comprometer a vista externa. Desde que surgiram, há dois séculos, já evoluíram bastante para deixar o décor impecável. Neste manual, esclareça suas dúvidas sobre os modelos, os materiais, medidas e manutenção
Parece fácil, mas escolher cortinas para compor o décor da casa requer um certo conhecimento e orientação correta. Geralmente, elas são a última etapa do projeto, exatamente para arrematar o conceito da decoração.Uma escolha errada e lá se vai todo o trabalho e, de quebra, a harmonia do espaço. Além disso, elas são responsáveis pelo controle da luminosidade e até pela proteção de móveis e objetos.
Nesse contexto, as persianas aparecem como as opções mais práticas e versáteis, pois se encaixam em muitos projetos, do living à cozinha, do quarto à varanda. Mas não é o gosto pessoal que deve reger a escolha. Ao se apaixonar por um modelo, é preciso verificar se ele se adequa ao espaço. “Há ambientes que não comportam tecnicamente aquele produto tão sonhado”, alerta Alice Amorim, diretora da Amorim Persianas. Nesse caso, é preciso ter boa orientação. “O modelo tem de se adaptar ao gosto, à solução, à proteção e à decoração da casa”, diz Graziella Castanheira, diretora de marketing da fabricante Uniflex.
A boa notícia é que existem no mercado muitos tipos e materiais – e um deles, com certeza, vai se encaixar técnica e esteticamente no projeto. Aliás, quando o engenheiro francês Pierre Le Fou (1804-1850) inventou a persiana em 1824, nunca imaginaria que seu feito, ocorrido por acaso, teria sucesso a ponto de evoluir tanto. Tudo começou quando Pierre tentava descobrir um jeito de conter o movimento das águas de um pequeno riacho na propriedade de seu pai, na região da Côte d’Azur, na França. Ele fez muitos testes utilizando diferentes métodos, sem obter resultados positivos. Até que veio um insight: algumas madeiras reguláveis, atravessadas de uma margem a outra do riacho, poderiam diminuir e controlar o fluxo da água apenas movimentando-as. Ele construiu, então, uma maquete de algodão engomado com cordas para mexer as lâminas. Terminado o projeto, sua mulher pendurou o invento em uma janela a fim de secar a goma e, ao movimentar as “lâminas”, descobriu que poderia controlar a luminosidade do ambiente. Surgia ali a persiana, que ganhou esse nome em homenagem a seu inventor, cujo apelido de infância era “Persi”.
TIPOS E USOS
PAINEL
Em vez de subir, este tipo de cortina desloca-se lateralmente e é indicado para janelas de grandes larguras, já que os tecidos ficam sobrepostos. Pode ser feito para vãos de até 8 m. As folhas largas exigem menos sobreposições e, as estreitas, mais sobreposições. Não deixam frestas em nenhuma das duas versões quando o painel está totalmente fechado. É bastante usado em portas para varanda, escritórios e salões de festas. Preço a partir de R$ 290 o m². Na sala de jantar, projetada pela arquiteta Patricia Martinez, painéis de tecido.
ROMANA
Clássica, é mais usada em sala e quarto. Graças a seus módulos de tecido estruturados com varetas, recolhe-se em gomos, formando um volume na parte superior. Por isso, é necessário ter espaço de no mínimo 40 cm entre a janela e o teto. “Deve-se tomar cuidado ao instalar em portas e sanca”, diz Alice Amorim. Tem limitação de tamanhos: chega a 3,50 m de altura e 3 m de largura, ou até 7 m². A partir de R$ 380 o m². Na sala projetada pelo escritório Casa 14, persiana romana.
ROLÔ
Os modelos de tela, que é recolhida para cima deixando à vista o exterior, estão em 90% das varandas dos apartamentos, onde são usados com tela solar para proteger os ambientes dos raios ultravioleta. Nesse caso, é preciso seguir as recomendações do condomínio para manter o padrão da fachada. Sua versatilidade seduz os profissionais da área. “Gosto de comparar as rolô ao Lego: monta-se de acordo com a necessidade do cliente”, diz a diretora da Amorim Persianas. O rolô pode ser usado em áreas de pequenas a grandes alturas e dimensões, permitindo o ajuste ao projeto de diferentes ambientes: sala, quarto, cozinha e escritório. A partir de R$ 212 o m². Na foto, a persiana rolô com tela solar da Luxaflex, da Arthur Decor, protege o canto de leitura no projeto do SAO Arquitetura.
HORIZONTAIS
Possibilitam o controle da entrada de luz por meio do basculamento de suas lâminas, o que garante conforto interno e visão do exterior. Há modelos com lâminas de 16 mm, 25 mm, 35 mm, 50 mm e 70 mm. A mais tradicional é a de alumínio. Ideal para cozinhas, áreas de serviço e escritórios, também costuma ser colocada em área social. Preços a partir de R$ 220 o m². Os modelos de PVC e de madeira sintética são boas soluções para banheiros e lavanderias; já as de madeira e de bambu são indicadas para sala, quarto e ambientes comerciais. As de madeira custam a partir de R$ 600 o m². No projeto da designer de interiores Deborah Roig, persiana de alumínio com lâminas de 50 mm, cor cobre.
SILHOUETTE
Este tipo de cortina combina a sofisticação do tecido com a funcionalidade da persiana. Suas lâminas horizontais parecem flutuar entre duas telas transparentes e podem ser inclinadas para controlar a luminosidade. São ideais para salas de estar e de jantar. A partir de R$ 1.200 o m². Na foto, o living projetado pelo escritório Guardini & Stancati recebeu persiana Silhouette, da Hunter-Douglas.
PLISSADA
Com delicadas dobras, ocupa pouco espaço quando recolhida. Ideal para a instalação dentro de vãos. Pode ser feita com proteção solar em tecidos translúcidos e blackout. A partir de R$ 540 o m². O modelo XL Pleat, da Uniflex, fecha grandes vãos, como neste projeto do arquiteto Leo Junqueira.
CELULAR
O tecido em forma de colmeia cria colchões de ar entre as células, o que garante ótimos desempenhos acústico e térmico. Com até 99% de proteção contra raios UV, preserva móveis, quadros e pisos. Reduz até 30% dos ruídos. A partir de R$ 440 o m². .
MANUTENÇÃO
MOTORIZAÇÃO
Todas as cortinas podem ser motorizadas, o que permite seu acionamento por interruptor ou controle remoto. O motor fica embutido dentro do trilho superior da cortina e, quando acionado, recebe os comandos por radiofrequência ou infravermelho. Esse dispositivo pode ainda ser conectado a um sistema de automação residencial para, por exemplo, ser programado para abrir e fechar em certas horas do dia. Mas quando vale a pena? Segundo os fabricantes, é mais comum e viável o uso de motorização em cortinas grandes e altas, para facilitar o acionamento. O dispositivo também ajuda na durabilidade da peça, pois tem sempre o mesmo peso e leva igual tempo para se movimentar, sem o controle manual.
LIMPEZA
A praticidade da persiana se estende a sua limpeza. Atualmente, há cortinas com tratamento antiestético para inibir o acúmulo de poeira, o que facilita – e muito – a manutenção. Mas, de modo geral, recomenda-se passar o aspirador de pó ou o espanador toda semana.Uma vez por ano, é bom chamar uma empresa especializada para a higienização completa.